sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

MULHERES (E HOMENS) INTOLERANTES


É quase um senso comum que 2016 foi um ano estranho, para dizer o mínimo. Desemprego, desmandos e descasos políticos em níveis inacreditáveis, impeachment, falência das instituições, violência, mas o que mais me impressionou neste ano foi a intolerância. 
Somos (nós brasileiros) idiotas em repetir um jargão de que não somos preconceituosos, de que aqui todos os povos e religiões convivem harmoniosamente. BESTEIRA! Essa é uma mentira que tentamos manter para perpetuar nosso status de "legais". As redes sociais demonstraram o contrário este ano. As discussões políticas partidárias durante o impeachment da presidente Dilma nas redes sociais extrapolou o debate sobre "o certo e o errado" e virou um campo de ofensas, agressões, brigas de vários níveis. Rótulos foram dados dividindo um povo que de fato nunca foi unido. 
Além das questões políticas, que foram e são graves, os grupos homofóbicos, de feministas extremistas, de religiosos fanáticos, dos misóginos, contra isso e contra aquilo surgiram, minaram, brotaram em uma quantidade assustadora. Memes ofendendo as mulheres, xingando os homossexuais, detonando a religião alheia ou glorificando a sua, todos agressivos, humilhantes, absurdos. Mas que nós (brasileiros) achamos engraçados, afinal é tudo brincadeira.
Mas não é!
Comparar uma mulher a um porco na hora do abate quando se faz sexo anal, não é engraçado. É ofensivo ao cubo.
Encher o Facebook de "aleluias", "amém", "curta se você acredita em Jesus" é desrespeitar a religião dos outros e impor a sua num espaço laico por objetivo.
Publicar um meme onde se afirme que mulher que faz isso ou aquilo não é pra casar é de lascar.
Promover a discórdia, ofender quem não pensa como você, cortar relações... Que porra esta acontecendo? Viramos um bando de mimados? Perdemos a capacidade de convivência?
Ou sempre fomos assim?
Intolerantes, preconceituosos, temerosos, rancorosos, assustados, ignorantes, imbecis, arrogantes, prepotentes...
A coisa chegou num patamar que tudo que dizemos ou pensamos ofende alguém. 
Desculpem minha ingenuidade, mas eu pensei que as redes sociais tivessem surgido para reduzir as distancias e aproximar as pessoas, possibilitando um espaço de debate, onde eu conseguisse através disso entender as diferenças sociais e culturais que existem entre todos nós. Perceber que o time que você torce, o partido em que você vota, sua escolha sexual ou a fé que você professa não interfere na amizade que podemos travar superado essas diferenças. Porque as relações humanas são maiores que isso. Ou deveria ser.
Muito ao contrário, as redes sociais fez minar o lado perverso das pessoas, é como se todos passassem a se odiar ao descobrir pequenos detalhes sobre o outro. Tipo: "Eu sabia, fulano só podia ser gay, ou votar no PMDB, ou ser palmeirense, ou acreditar em Buda". Mas a questão é que ninguém é SÓ ISSO OU SÓ AQUILO. Se cada um de nós não praticarmos a humildade de enxergar o outro, isso só vai piorar. Gerando mais misoginia, mais radicalismo, mais homofobia, mais racismo, mais ódio, mais violência.
Precisamos buscar urgentemente refletir sobre tolerância!

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

MULHERES ENVENENADAS

A mulher chorando
Pablo Picasso (1937)


Esse ano de 2016 foi um ano de grandes conflitos emocionais e stress.
Falei demais, reclamei demais, fiz fofoca demais, participei de problemas que não eram meus, resumindo: me envenenei.
Sim, eu me envenenei. 
Quando me deixei envolver pelos problemas de tal forma que eles passaram a fazer parte de mim. Isso fez tudo parecer maior, mais grave e quanto mais crescia dentro de mim, mais o veneno se espalhava. Conflitos no trabalho, no relacionamento, nas relações humanas, no mestrado e de repente estava sem controle sobre as minhas emoções. Esse envenenamento pode e deve ser controlado. Como?
Mantendo a mente serena, independente do que esta acontecendo ao seu redor. Ter consciência para analisar se o que esta acontecendo realmente tem influência na sua vida e se de fato te afeta. As vezes nos envenenamos por osmose e sem nos darmos conta estamos nos matando por problemas que se sequer são nossos. 
Quando eu digo nos matando, estou sendo literal. A incapacidade de lidar com o veneno externo e interno fez com que eu desenvolvesse dois sintomas: hipertensão e vitiligo. Ambos diretamente ligados ao lado emocional, ao stress. Eu sei que alimentei as duas doenças quando perdi o controle das minhas emoções. Quando permite que o veneno se espalhasse. E não pretendo mais fazer isso.
Basta!
Nada e nem ninguém pode me tirar do controle das minhas emoções, mesmo quando elas forem afetadas. Poluir minha mente com fofocas, com a insatisfação alheia, com comportamentos dos quais eu não tenho responsabilidade, tudo isso não pode mais acontecer. Para isso, vou meditar. Acalmar a mente. Criar imagens mentais que reflitam meus objetivos, o presente que quero ter. Isso significa que mesmo envolvida nos meios sociais, o que vai importar é o que eu quero e como eu me sinto. 
O convívio social precisa ser mediado pela nossa própria consciência. Ouvir um amigo, suas reclamações não precisa ser evitado, mas é imprescindível que o veneno por ele produzido fique com ele. 
Cada um tem suas próprias mazelas a resolver e sem nos dar conta vamos nos contaminando com o nosso entorno. Crimes expostos pela TV, violência, desamor, falta de compaixão, traições, humilhações e quando menos percebemos estamos amargos, acreditando só nas coisas ruins. Não permita se envenenar. Isso não significa se alienar, apenas ouvir, filtrar e tocar sua vida.  Há coisas ruins pelo mundo todo, coisas que ultrapassam diversos níveis da dor humana; mas também há a alegria do dia a dia. Chore quando for para chorar, mas não carregue consigo essas dores. Limpe sua mente e tente criar um campo mental onde haja amor, alegria, prosperidade e paz... Faça disso sua realidade. Fortaleça suas convicções nisso, nessa sensação e quando você se ver envolvida nessas situações de envenenamento vai ser mais fácil dar um conselho, ter uma palavra amiga ao invés de ajudar a espalhá-lo.   
Nessas férias, além de descansar, quero alterar meu campo de pensamento, limpar minha mente e eliminar o veneno que permiti entrar. Se eu coloquei para dentro, só eu posso expulsá-lo.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

MULHERES PARA CASAR


Como eu odeio este título! 
Ano após ano eu espero este esteriótipo cair.
Espero, cheia de esperança, encontrar homens que amem as mulheres, que as enxerguem como seres humanos. Seres com os mesmos medos, anseios e desejos que eles. Mas ao contrário, os misóginos permanecem... Odiando nossa sexualidade, odiando nossos corpos, odiando nossa coragem em romper barreiras e o pior de tudo, eles tem ao seu lado as mulheres acovardadas que aceitam seus postos de servidão sexual, acreditando que admitir sua sexualidade fazem delas VAGABUNDAS. 
E elas educam os próximos misóginos, os próximos estupradores, os próximos espancadores...
Ouvi o discurso maravilhoso da Madonna durante a premiação da Mulher do Ano pela Bilbboard e fiquei emocionada, dois dias depois li no facebook um texto medonho sobre a diferença entre as mulheres para casar e mulheres para trepar, explicando que mulheres que postam fotos sexy estão vendendo uma imagem errada. 
Oi?
Errada pra quem cara pálida?
Para uma merda de um homem feito você que não consegue amar uma mulher que tem a sexualidade a flor da pele, que curte seu próprio corpo. Uma merda de um homem que dividi a mulher em partes por que não é capaz de amar uma mulher inteira. Uma merda de um homem incompetente, frágil, fraco e muito provavelmente pouco viril, incapaz de bancar uma mulher forte, sexualmente ativa, inteligente e que para se sentir homem precisa chegar em casa e encontrar uma mulher "submissa" o suficiente para te fazer sentir o macho do lar. Que no fundo morre de medo de ser traído por que se sente intimamente incapaz de bancar essa mulher. Desculpa, mas o sexo frágil é você, que não vai conseguir amar mulher alguma. 
Em um trecho do seu discurso Madonna fala sobre as mulheres escrotas que alimentam esse comportamento por pura insegurança, estupidez e a mais pura inveja enrustida:

"Seja o que homens querem que você seja, e mais importante, seja alguém com quem as mulheres se sintam confortáveis por você estar perto de outros homens."

Gente isso já deu!
Isso demonstra tamanha ignorância intelectual, emocional e sexual que eu nem sei se existe um adjetivo para isso. Os estupros, a falta de respeito, os salários mais baixos, a violência velada, os abusos no metro, trem e ônibus, as piadas nos ambientes masculinos, o desrespeito ao corpo feminino... Até quando?...
Não é mais um caso de falta de conhecimento, ou falta de informação, mas de comportamentos arraigados. De sermos incapazes de nos entender como seres humanos. Todos com fantasias, desejos, buscas, sonhos, expectativas. Como podem ainda obrigar que as mulheres se escondam em suas "cozinhas", bordando suas toalhas de mesa, se fingindo de tolas e aguardando seus esposos para o jantar. Nós que dirigimos empresas, pilotamos aviões, carros, jatos, que comandamos famílias, que estudamos e trabalhamos, que saimos de casa para uma jornada tão exaustiva quanto a masculina, mas que não se encerra ao final do dia...
Vocês (homens) querem as mulheres para casar? Desistam ou se casem com as idiotas, aquelas que vão massagear seus egos infantis.
Homens adultos, homens de verdade respeitam suas mulheres... mulheres pra casar, trepar, conversar, dividir, construir, compartilhar, respeitar, amar e ficam com elas. Admiram sua sexualidade, sua inteligência, suas opiniões e suas decisões... Crescem com isso... Se orgulham disso...



Misoginia( do grego, miso - odio / gine - feminino) é a aversão a tudo que é ligado ao feminino e às mulheres.


Discurso da Madonna na integra:


sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

MULHERES INTERESSEIRAS


Como é da natureza "antropológica deste planeta" as pessoas optaram por rotular os indivíduos ou grupos sociais para se protegerem, se preservarem e poderem descer o pau nos outros sem culpa. Afinal isso nos tira a responsabilidade... Se sou melhor então tenho autoridade para julgar...
Ai meu saquinho!!!
Hoje vou falar de uma história real, que aconteceu com uma outra mulher e que portanto vai ter seu nome e dos envolvidos preservados.
Ela se separou a alguns anos de seu marido depois de seus afastamento devido ao trabalho dele, quando os conflitos que vinham sendo contornados ficaram evidentes. Numa dessas ausências, ela viajou com uma amiga afim de se divertir e descansar de seu trabalho também estafante e isso gerou uma grande briga. O, então marido, achou um absurdo ela ir se divertir com amigas solteiras enquanto ele estava ausente trabalhando e ainda que ela explicasse que estava de férias e precisava descansar, não houve acordo.
Durante a viagem Lúcia começou a pesar os prós e contras do casamento (nós mulheres fazemos isso o tempo todo) e resolveu se separar assim que voltasse para casa. Decidida, se separou.
Foram 2 anos de paz, liberdade e sossego... Mas...
Eles se reaproximaram e Eduardo propôs um recomeço, tinha mudado, entendeu durante a separação que tentou inúmeras vezes controlá-la e que queria dividir com ela sua conquista profissional. Agora ele tinha alcançado um alto cargo e seu salário girava em torno de 100.000,00 reais por mês.

P.S.: Você não leu errado. O tal Eduardo ganha em torno de cem mil reais por mês.

Durante a separação montou um apartamento no Rio de Janeiro e outro em São Paulo, bancava os filhos do primeiro casamento nos Estados Unidos e resumindo estava muito bem.
Sua proposta era dar-lhe uma "mesada" de 10.000,00 reais para que parasse de trabalhar e fosse fazer seu mestrado (seu projeto no momento), colocar uma empregada na casa e que ela se desfizesse do seu apartamento para morar com ele. Quase uma versão atualizada de "Uma linda mulher" com a Júlia Roberts, só que não.
Durante um dos encontros de conciliação desse homem mudado e maduro, ele deixou escapar que ainda não tinha engolido sua viagem com a amiga solteira e insistiu de forma enfática de que Lúcia deveria parar de trabalhar e vender seu apartamento.
Lúcia recusou!
Recusou os 10.000,00!
Recusou a empregada!
A possibilidade de estudar sem pressão!
A segurança financeira!
Por que diferente do que a sociedade machista prega, de que as mulheres são interesseiras, que querem um homem que as sustentem,  elas querem antes de tudo respeito.
A proposta do Eduardo cheira a armadilha. Largar emprego (autonomia), abandonar apartamento (segurança), ficar a disposição (bibelô) era quase uma lista de aprisionamento. Quanto tempo levaria para ele estar controlando seus gastos, suas amizades, suas saídas, sua vida. 
Exagero? Talvez. Mas a frase perdida entre todas, sobre a viagem estava ali, indicando que não havia mudanças, que o homem que tinha ciúme das suas amizades, do homem que controlava suas roupas, que odiava seu emprego ainda estava ali e que havia voltado apenas com um trunfo a mais: o poder da grana.
Ele apenas não esperava que Lúcia não tivesse preço.
Eles estão saindo (transando)... Cada um no seu apartamento e no seu emprego...
Pode ser que haja um entendimento e que ele perceba que é muito melhor não comprar e talvez ela supere o medo de se entregar.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

AMOR E DESCOBERTAS



Eu vivi minha solidão por 5 anos sem problema nenhum. Foi o período de silêncio interno, quando voltei a estudar, a fazer amigos, a sair a noite e ser alegre depois de um longo período de uma triste zona de conforto.
Vivido isso, escolhi experimentar a liberdade da escolha e me divertir. Ser completamente dona da minha sexualidade. E as redes sociais me auxiliaram. Nesse lugar eu vi de tudo... Homens e mulheres carentes ao extremo, numa procura desesperada por um sexo vazio; homens e mulheres livres e felizes; golpistas, psicopatas, e toda sorte de pessoas perturbadas. Mas foi um período muito divertido. Fiz amigos, fiz inimigos (homens não gostam de serem usados)... Mas antes de tudo me libertei completamente. Transar sem compromisso, sem culpa, sem expectativa nenhuma é de um grau de livramento social que todas as mulheres deveriam experimentar pelo menos uma vez na vida.
Por outro lado, é um lugar perigoso, especialmente para mulheres que ainda estão imbuídas da ilusão do príncipe encantado...
"Vamos combinar que esses caras não existem!"
Será?
Aquela mulher que não estiver preparada para o mundo virtual dos sites de relacionamento pode se machucar profundamente. Mas o que seria "estar preparada"?
Saber lidar com suas próprias carências, ser capaz de virar as costas para um sexo bom e entender que era só isso mesmo, saber separar a mentira da verdade, ou seja, não deixar se levar pelo que você queria ouvir e o outro disse. E entendam: existem homens ali profissionais em destruir e consumir sua mísera auto estima.
Mas... As vezes... O destino te prega peças impressionantes...
Foi em um desses sites que encontrei meu amor atual. Tivemos um começo conturbado e intenso e confesso que investi como se fosse passageiro (não queria me machucar), mas estamos juntos a um ano e meio e fazendo planos para o futuro.
Demorei a aceitar que o excesso de declarações de amor, que a intensidade do desejo não era uma armadilha e sim uma demonstração real de sentimento. Era na verdade uma forma de me preservar, porque o meu maior medo era baixar os escudos e ficar vulnerável.
O amor foi sendo construído, a confiança foi sendo estabelecida e a relação foi se solidificando.
Mas tive uma fase de muito ciúme (que confesso me assustou - nunca fui ciumenta), mas que fez eu me deparar com mais uma mulher em mim e me obrigou a parar e encarar quem ela era. Tive que aprender a lidar com um homem com uma personalidade tão intensa como a minha, e acima de tudo aprender a lidar com um homem apaixonada por mim.
Parece uma coisa simples, mas não é. Aceitar o amor é tão complexo como aceitar o desamor. Falarei sobre isso em outro texto.
Estou feliz com o que vivi!
Feliz com as coisas que experimentei!
Agradeço ao amor de 17 anos!
Agradeço a solidão e a liberdade!
E ainda mais feliz por estar vivendo esse amor lindo que o destino me trouxe!
Eu caminhei até esse amor...

Que seja eterno enquanto dure!


domingo, 13 de novembro de 2016

RETORNO

Estou de volta e dessa vez para ficar.
Muita coisa aconteceu nesse último ano...coisas boas e ruins, mas que me tomaram com uma força tão avassaladora que não tive alternativa a não ser sumir.
Falecimentos... de uma tia querida e do meu pai, este último com altas doses de implicações...
Namoro... envolto em vários dilemas...
Stress com o mestrado... crise com a orientação, com os prazos, com o tempo, com o processo, com a Qualificacão, com a banca...
Doenças... vitiligo... hipertensão... mãe com diabete grave... irmã com altos problemas de coluna...
Transformações do trabalho que poderiam ser positivas, mas que não foram... por falta de habilidade administrativa...
Tudo isso junto foi se acumulando, se estreitando e no fim de julho tive uma crise nervosa.
Tudo superado - doenças medicadas, mestrado concluído, namoro coberto de felicidade e trabalho sob controle - vamos seguir em frente.
Em breve volto a discutir com vocês os dilemas nosso de cada dia.

Beijos