segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

MULHERES HISTÓRICAS

Lavinia Fontana (1552-1614)


  Auto retrato de Lavinia; Galeria de los Uffizi. Florença. Itália


Nasceu no dia 24 de agosto, em Bologna, Itália.
Seu pai, o pintor Prospero Fontana, era diretor da Escola de Bologna e foi seu professor.
É surpreendente a fama e o reconhecimento que Lavinia teve como artista, visto que não se considerava que as mulheres pudessem ter uma visão artística verdadeira, já que elas não eram dotadas de inteligência, de caráter, e de força. (Triste pensamento da época). Entretanto, algumas mulheres aprenderam a pintar com seus pais ou tutores e usaram eventualmente seus talentos para seguir uma carreira.
Há cerca de cem trabalhos documentados que são atribuídos à Fontana, entretanto destes somente 32 são assinados, datados e oficialmente reconhecidos.
Fontana dedicou-se a vários gêneros, desenvolveu obras de nus masculinos e femininos, o que era extremamente raro para uma mulher; além de pinturas religiosas e mitológicas, entretanto o destaque foram os retratos, um gênero que era considerado apropriado para sua condição “feminina”, por ser considerado um gênero inferior.

Isabella Ruini as Venus, 1592.
Óleo s/ tela - 75 x 60 cm.

Em 1577, com 25 anos, casou-se com o pintor Giovanni Paolo Zappi, que era conde. Paolo e Lavinia tiveram onze filhos, sendo que apenas três sobreviveram. Mesmo depois de casada, ela continuou pintando. Seu marido atuava como seu assistente, seu agente e também ajudava a cuidar da casa e das crianças. Uma situação inovadora para o século XVI.
A partir de 1580, Lavinia Fontana tornou-se a retratista favorita dos nobres de Bologna, e nesse período, pintou o retrato da família Gozzadini.

Minerva se vestindo, 1613,
Óleo s/ tela, Galeria Borghese, Roma.

Em 1589 Fontana recebeu uma importante encomenda de pinturas religiosas para o retábulo do altar da igreja do Palácio Real espanhol. Esse tipo de trabalho incluía estudos de nus, o que demonstrava sua fama como artista, sendo ela uma mulher. A obra intitulada "Família Sagrada" fez tanto sucesso que logo a seguir a pintora foi convidada a trabalhar na igreja de Santa Sabina em Roma; onde foi morar com a família a partir de 1603 a convite do Papa Clemente VIII. Com esse feito a pintora tornou-se retratista do papa, recebendo inúmeras honrarias. Entre os retratados por Lavinia esteve o papa Paulo V.
Ela foi eleita membro da Academia Romana, uma honra rara para uma mulher.
Lavínia Fontana faleceu em Roma, no dia 11 de agosto de 1614.

                                 Retrato de Antonietta Gonzales, “Tognina” 1595
                                                    Óleo s/ tela – 57X46 cm
                                                   Museu Du Château, Blois

Um retrato curioso é o que Lavinia fez da menina Antonieta Gonsalvus.

A menina, conhecida como Tognina, era filha de Petrus Gonsaulvus, natural do Tenerife e portador de uma doença de pele congênita, a hypertrichosis universalis. Foi o primeiro caso registrado dessa doença no século XVI; o que causou espanto e muitos comentários.
No texto de MANGUEL (2001); o importante é a relação entre a pintora (Lavinia Fontana) e a menina (Tognina Gonsalvus), uma relação tanto emocional, quanto social. Ambas sofrem algum tipo de preconceito ou controle, a primeira por ser uma mulher do século XVI e a segunda por ter uma aparência “monstruosa”. De acordo com o texto, o belo pode ser visto por vários ângulos, dependendo da relação de poder que ele estabelece. O que para nós seria uma exploração circense (humilhante) de uma família inteira, para eles, naquele período, nada mais era do que uma exibição do diferente como controle sobre esse diferente. Um sentido de benevolência, de domínio sobre a aberração e até uma maneira de diminuir o impacto causado pela estranheza.


Fonte: MANGUEL, Alberto. Lendo imagens. São Paulo: CIA das Letras, 2001.




  








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