quinta-feira, 21 de março de 2013

MULHER FAMÍLIA

Texto de 19/02/87 – “19 anos”





Como pode ser bom um relacionamento mãe e filha (o), pai e filha (o), família e filha (o)? Como pode? Nesse relacionamento todos os extremos acontecem; tudo é extremamente radical. Seu pai acha isso, você não; sua mãe acha aquilo, você não e ai começa tudo... Eles não mudam, porque tem certeza que o que dizem é o certo, mas você não tem tanta certeza disso e quer ter a prova, ou seja, quer encarar e ver no que dá.
Seria mais fácil aceitar tudo o que eles dizem? Sim, seria. Só que nunca você teria suas próprias experiências de vida e sim viveria as experiências deles.
(...)
Como pode ser bom um relacionamento mãe e filha, pai e filha, família e filha? Como pode? Ser sincero, ser aberto para discussões... Até ai normal, só que a discussão vira briga em dois tempos.

Os Incríveis
(Uma linda família)

A "mãe" desenha toda uma vida para você. Aulas de balé, elegância, com sorte, tal profissão, classe, futuro brilhante, um casamento incrível, netos fantásticos, isso e aquilo... Só que enquanto ela desenha a vida da filha (o); ela ou ela tava querendo viver... Desenhar a própria tela. Um dia ela (mãe) percebe que o desenho ficou amarelo e feio e faz a tão tradicional pergunta: "Onde foi que eu errei?"
Em nenhum lugar!
Se errar é não ter conseguido fazer da vida do outro teu espelho, ótimo... Não existe isso. Porque a eterna comparação de que sua vida era assim, você passou por isso e dai para o outro quer tal coisa... Você já pensou em perguntar o que seu filho quer? A resposta seria simples. Ser feliz! Bom, e o que é felicidade? Não sei! Quem sabe?
Desenvolvi uma questão: Não é por ser pai, mãe e filha (o) que nós deixamos de ser indivíduos. Preocupamos-nos em não deixá-los preocupados e gostaríamos de ser filhas (os) perfeitas (os), mas primeiro, não existe perfeição; segundo, para agradar vocês nós teríamos que nos desagradar, ceder, nos colocar dentro de suas perspectivas de vida; terceiro, nós amamos vocês como vocês são e gostaríamos de sermos amados da mesma forma.
A mãe gerou nove meses, sentiu dores, sofreu, teve medos, etc, etc, etc; mas a criança nasce e a ligação vira: duas pessoas; os pais com seus objetivos, medos, sonhos e a filha (o) com os "seus" objetivos, "seus" medos, "seus" sonhos. Agora, se os "nossos" ideais, das filhas (os) não são os mesmos que os das mães e dos pais, como vocês podem saber que as filhas (os) vão se dar mal, como vocês podem achar que vão protegê-los desse mundo louco.
Como? Eles não te conhecem! Pense bem, não te conhecem. O que os leva a crer que os conhece tão profundamente, o que os leva a crer que os protegerá? Todos os seus conselhos, não serão inúteis; na verdade, a vida é composta por eles; são esses conselhos que nos dão as bases.

Os Simpsons
(´Nem toda família é normal)

A relação de mães, pais e filhas (os) devem ser apenas de amor; não de controle. Cada um deve ter suas experiências, sofrer suas frustrações, achar seus caminhos e concertar seus erros. O papel das mães e pais é orientar; mostrar onde existe perigo; mas vocês não podem e não devem impedir que seus filhos vivam suas vidas.

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